sexta-feira, 27 de agosto de 2010

MÉTODO SOFISTA

“O Homem é a medida de todas as coisas, tanto as que são, pela sua existência, como as que não são, pela sua não-existência

No método sofista os filósofos se posicionavam como detentores do saber. Contudo, se comprometiam não com a verdade, mas sim com a opinião. Em seus discursos, procuravam provocar reações prazerosas nos espectadores, utilizando técnicas de sedução a fim de transmitir seus conhecimentos. Apoiavam-se na presença do orador para induzir o espectador, por meio de sugestão, à reprodução do pensamento. Ao apoiar-se na opinião e nos jogos de linguagem, o mestre alcançava o objetivo claro de sugestionar o espectador a admitir o que ele queria. Dessa forma, o espectador é induzido a reproduzir e nada mais.

Os sofistas se organizavam em grupo heterogêneo de pensadores e professores de, entre outras matérias, dialéctica e retórica. Ao contrário de professores, os sofistas não ensinam aos homens conhecimentos, mas ferramentas de reflexão, argumentação e persuasão.

Os Sofistas foram os filósofos que precederam à escola socrática e platônica (Sócrates e Platão). O seu pensamento rodava em torno da tese e da antítese, da confrontação de idéias e seus argumentos de base. Partiam do pressuposto de que já possuíam o conhecimento a ser transmitido.

Segundo o modelo sofista, representado, entre outros, por Protágoras, Górgias e Pródico, o responsável por ensinar assume o lugar do mestre, ou seja, aquele que detém todo o conhecimento e o transmite aos alunos, estes por sua vez, devido à postura passiva, se tornam meros receptores e reprodutores deste saber.

O método sofístico induzia a manipulação através do sugestionamento, inibindo o desenvolvimento humano na capacidade de tornar-se autônomo e crítico, já que a relação com o saber torna-se hierarquizada.

Segundo o modelo sofista, o aluno seria alguém desprovido do saber, o qual poderia ser alcançado por intermédio do mestre, o único na relação suposto saber. Este modelo de ensino tem sido adotado pela sociedade ao longo dos séculos, e podemos ainda ver sua expressão no modelo clássico escolar nessa concepção, o professor é aquele que possui o conhecimento, o qual é passado para os alunos, que por sua vez assumem a posição de meros receptores e reprodutores do que é transmitido.

A metodologia de ensino à distância exige do aluno um posicionamento ativo em seu processo de aprendizagem, já que não é um mestre centralizador e possuidor de todo saber. Ao contrário, a busca pelo conhecimento é realizada em rede, na qual o aluno é um dos agentes e promotores do próprio saber.

GRUPO: Andréa, Karla Suzana, Tatielly

METODO SOCRÁTICO

“Conhece-te a ti mesmo”

O método socrático tinha como característica levar cada indivíduo a refletir acerca dos seus deveres. Sócrates começava por chamar a atenção de cada um para os seus interesses pessoais ou domésticos, educação dos filhos, problemas da vida da cidade, questões relativas ao saber. Levava em seguida os seus interlocutores quaisquer que eles fossem, a extrair do caso particular o pensamento universal.
Neste modelo o mestre parece nada saber. O conhecimento poderia ser alcançado conjuntamente pelo diálogo, instrumento através do qual Sócrates despertava em seu interlocutor o poder do desenvolvimento do pensamento. Ao contrário dos sofistas, Sócrates não apresentava um saber pronto, mas ao questionar seu aluno, fazia com que este encontrasse em si as respostas, delegando ao aluno um posicionamento ativo na busca do conhecimento.


Em geral, o método dialógico de Sócrates é constituído por dois momentos fundamentais: a ironia e a maiêutica.


Na maiêutica, o indíviduo é induzido por seu próprion raciocínio, ao conhecimento ou à solucão de sua dúvida. Surge então, um novo conhecimento, um aprofundamento que não chega ao conhecimento absoluto. O seu sentido de humor confundia os seus interlocutores, que acabavam por confessar a sua ignorância, da qual Sócrates extraía sabedoria.


Na ironia se confunde o conhecimento sensível e o dogmático. Sócrates costumava iniciar uma conversação fazendo perguntas e obtendo dessa forma opiniões do interlocutor, opiniões que ele aparentemente aceitava. Depois, por meio de um interrogatório hábil, desenvolvia as opiniões originais do tal interlocutor, mostrando a tolice e os absurdos das suas opiniões superficiais, através das consequências contraditórias ou absurdas destas mesmas opiniões e a confessar o seu erro ou a sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória.


Desde modo, a metodologia EAD está, em parte, em consonância com o modo socrático de conceber a educação, uma vez eleger um grupo de alunos, lado a lado partiram na construção de um conhecimento desprovido da presença de um mestre detentor do saber, mas sim um mestre que nos questiona e faz refletir.


Segundo Murta (2010, p.16) “Para Sócrates, a busca pelo saber e pela verdade ensina homens a serem verdadeiramente felizes”.


Grupo: Andrea, Karla Suzana e Tatielly

O ENSINO DE SOCRATES A LACAN”


Enquanto os sofistas construíam um legado de conhecimento baseado na oratória e no poder de sugestão que se encerra na mesma, Sócrates almejava alcançar o saber verdadeiro. Mas o que viria a ser o saber verdadeiro? Para Sócrates, um saber baseado na razão e para o qual não haveria a necessidade de um mestre a transmiti-lo, visto ser esse imanente aos sujeitos. Esse conhecimento inato seria resultante do acúmulo de experiências vivenciadas ao longo das encarnações, portanto, acessado por meio de reminiscências. Em Mênon, diálogo de Platão, Sócrates apresenta o conceito de que não é possível ensinar nada que o outro já não saiba. No decorrer do diálogo, Sócrates busca demonstrar sua teoria com o auxílio de um escravo, portanto, alguém que não havia passado por nenhum tipo de instrução, e que ainda assim poderia demonstrar conhecimentos inatos sobre qualquer área das ciências humanas, já que as mesmas se encontravam adormecidas em sua alma. Ao interrogar o escravo, o mesmo foi conduzido a reconhecer o ponto limite de suas reflexões, ou seja, a reconhecer que não sabia a solução, estando agora pronto para buscar a verdadeira resposta à questão geométrica apresentada. Sócrates acredita que o escravo chega à resposta apenas por via intuitiva, mas esta somente foi possível graças às intervenções de Sócrates quanto este desenha na areia a sucessão das reflexões. Podemos notar que apesar de Sócrates criticar a postura monológica dos sofistas, ao empregar uma postura dialógica, não deixa de ocupar o lugar de mestre na relação, pois faz intervenções que conduzem seu interlocutor a chegar na suposta verdade.

Ao refletir sobre as ponderações socráticas, Lacan propõe outro modo de compreendermos o que viria a ser o saber verdadeiro, ou pelo menos, de onde esse viria e como estaria estruturado. Para Sócrates o saber viria pelo emprego da razão, pelo plano intuitivo, ou seja, a solução dos problemas estaria ligada às próprias percepções e às aparências das situações. Baseando-se no mesmo diálogo de Platão, Lacan busca elucidar a questão da verdade sobre outro prisma, e para tanto, demonstra que a resposta emitida pelo escravo rompe com o plano intuitivo, e se dá pela assunção do plano simbólico. Durante o diálogo, no momento em que o escravo não encontra outro modo de solucionar o problema geométrico, persistindo na impossível tarefa de duplicar a área do quadrado pela duplicação de seu lado, Sócrates oferece um saber que o escravo não detinha, uma demonstração simbólica, irracional, presente na √2 da diagonal do quadrado, que possibilitou a resolução final da questão. Podemos perceber que Sócrates, na verdade, não deixa o escravo saber por si só, mas oferece-lhe um conhecimento, como fazem os mestres. Lacan vem justamente apontar a questão da maestria no modelo de ensino e aprendizagem, se no modelo sofista ela era imperante, apesar de Sócrates criticar e realizá-la de modo dialógico, não deixa de ocupar esse lugar de mestre.

A grande diferença entre Sócrates e Lacan, é que enquanto o primeiro trabalha no plano intuitivo/consciência, o segundo o faz sobre o simbólico/inconsciente. Para Lacan, o verdadeiro saber seria da ordem do inconsciente, que se estrutura através da linguagem, pelo plano simbólico, e sobre esses pilares, propõe uma alternativa ao modelo de ensino e aprendizagem.

Mas antes de adentrarmos especificamente na prosta lacaniana, faz-se necessário compreendermos o modo como ele concebe o sujeito. Como psicanalista, Lacan entende que o lugar do pensamento, para além do plano consciente, situa-se no inconsciente, e seu acesso não se dá pela razão, mas pelo fato de fazer-se analisar. Esta análise é possível uma vez que o inconsciente é estruturado como linguagem, ou seja, através dos significantes enunciados, tem-se acesso ao inconsciente. Entre as articulações de um significante e outro, produz-se o discurso inconsciente do sujeito, e é na medida que algo de irracional aparece no discurso que o analista pode ir além daquilo que lhe é falado, interpretando e provocando mudanças subjetivas no sujeito analisado no decorrer do deslize de significantes. Diz-se desta forma que o sujeito é efeito de significante. E é sobre essa possibilidade de mudança subjetiva que se baseia o ensino de Lacan.

Lacan funda a Escola Francesa de Psicanálise, na qual, o modelo de ensino e aprendizagem, segue a proposta do que ele denomina de Cartel. O funcionamento dessa modalidade subtrai, de vez por todas, a figura do mestre, e elege como base do processo de aprendizagem o desejo do próprio sujeito em aprender.

O Cartel se formaliza em um pequeno grupo de estudo, com 3 a 5 pessoas, ocupando esta quinta o lugar de MAIS UMA, ou seja, aquela que irá velar pelo andamento do grupo e provocá-lo em suas reflexões. São quatro e MAIS UMA comprometidas na produção de um trabalho individual, para o qual a resposta não está em um outro a transmitir o conteúdo, mas que se faz junto com o outro, ou seja, é derivado de uma estrutura coletiva. O grupo original se reúne pelo período máximo de um a dois anos, momento no qual os grupos são permutados, a fim de se evitar o efeito de cola (também chamado de efeito de grupo), ou seja, evitar que os grupos fiquem eternamente na mesma formatação e não vivenciem outras possibilidades de trocas. Interessante notar que ao final de um ano, cada membro do Cartel terá realizado uma produção individual, e esta certamente se diferencia da que viria a ser produzida caso realizada sem a mediação dos outros membros. Isso significa dizer que o trabalho de cada um é conseqüência de um efeito de sujeito, ou seja, de uma produção do inconsciente. Podemos afirmar que se há um mestre presente no Cartel, este seria o inconsciente.

De modo similar, na metodologia EAD, o professor tutor coloca-se no lugar de MAIS UM diante dos grupos de encontros semanais, orientando as produções individuais de modo coletivo. Espera-se que os alunos, munidos de estudos prévios, possam compartilhar com os demais suas reflexões, possibilitando a cada membro novas elaborações. Partindo do pressuposto que nenhum dos membros, tampouco o tutor, sejam detentor do saber absoluto, visto ser este jamais alcançado, todos se vêm lançados em uma busca incessante impulsionada pelo desejo de aprender.

Grupo: Andréa, Karla Suzana e Tatielly

A NOVA EDUCAÇÃO

Temos estudado que o mestre, tradicionalmente, tem ocupado o lugar de único detentor do saber, o qual é transmitido aos alunos. Notamos que enquanto um se posiciona como quem sabe, o outro é aquele que ignora, não havendo a possibilidade de troca de posicionamentos, uma vez que praticamente em toda a vida acadêmica o aluno se depara com essa perspectiva nas salas de aula. Se esses lugares instituídos assim permanecerem, como poderia o aluno ocupar o lugar de quem sabe se este já se encontra designado ao mestre? Em busca de resposta para este e outros questionamentos, o metodologia EAD examina a possibilidade de mudança nestes posicionamentos, a fim de permitir que o aluno ocupe o lugar daquele que sabe. Nesta inversão, cabe também ao mestre repensar e mudar sua postura. O que aconteceria se este passasse a ocupar o lugar da ignorância? Deste modo, vejamos:

Saber Ignorância
No 1º momento (Tradicional), o mestre ocuparia o lugar de saber e o aluno o de ignorância. Já no 2º momento (Metodologia EAD) o aluno ocuparia o lugar de saber e o mestre, o de ignorância.

A inversão de posicionamentos, proposto por Jacques Rancière em sua obra
“O mestre ignorante: Cinco lições sobre a emancipação intelectual”, implica o aluno no próprio processo de aprendizagem, visto esse apenas ser mediado, e não transmitido, pela rede de educação. É esta autonomia que permite o distanciamento do sujeito professor e conduz o aluno na construção de seu conhecimento.

No decorrer dos anos podemos observar que educação teve um grande avanço em sua metodologia de ensino, levando em conta toda a praticidade tecnológica encontrada em facilitar esse trabalho, onde o mestre não estará obrigatoriamente presente como único sabedor e transmissor do conhecimento, deixando bem claro que todo material que é utilizado serve de suporte e de estimulador, incentivando assim, essa técnica de aprendizagem coletiva em rede, onde se discute determinado assunto em grupo, para que as respostas sejam encontradas, assim obtendo a aprendizagem.

Essa metodologia veio como uma grande ferramenta de trabalho para os tempos modernos, permitindo que muitos profissionais pudessem se aperfeiçoar com o ensino a distância, por muita das vezes não terem tempo de está ocupando quatro horas diárias em sala de aula. Assim podendo estar estudando e até mesmo compartilhando seu aprendizado com membros da família ou do trabalho, além da oportunidade de interagir com os demais, juntando a prática e teoria ao mesmo tempo.

Grupo: Andréa, Karla Suzana e Tatielly