sexta-feira, 27 de agosto de 2010

MÉTODO SOFISTA

“O Homem é a medida de todas as coisas, tanto as que são, pela sua existência, como as que não são, pela sua não-existência

No método sofista os filósofos se posicionavam como detentores do saber. Contudo, se comprometiam não com a verdade, mas sim com a opinião. Em seus discursos, procuravam provocar reações prazerosas nos espectadores, utilizando técnicas de sedução a fim de transmitir seus conhecimentos. Apoiavam-se na presença do orador para induzir o espectador, por meio de sugestão, à reprodução do pensamento. Ao apoiar-se na opinião e nos jogos de linguagem, o mestre alcançava o objetivo claro de sugestionar o espectador a admitir o que ele queria. Dessa forma, o espectador é induzido a reproduzir e nada mais.

Os sofistas se organizavam em grupo heterogêneo de pensadores e professores de, entre outras matérias, dialéctica e retórica. Ao contrário de professores, os sofistas não ensinam aos homens conhecimentos, mas ferramentas de reflexão, argumentação e persuasão.

Os Sofistas foram os filósofos que precederam à escola socrática e platônica (Sócrates e Platão). O seu pensamento rodava em torno da tese e da antítese, da confrontação de idéias e seus argumentos de base. Partiam do pressuposto de que já possuíam o conhecimento a ser transmitido.

Segundo o modelo sofista, representado, entre outros, por Protágoras, Górgias e Pródico, o responsável por ensinar assume o lugar do mestre, ou seja, aquele que detém todo o conhecimento e o transmite aos alunos, estes por sua vez, devido à postura passiva, se tornam meros receptores e reprodutores deste saber.

O método sofístico induzia a manipulação através do sugestionamento, inibindo o desenvolvimento humano na capacidade de tornar-se autônomo e crítico, já que a relação com o saber torna-se hierarquizada.

Segundo o modelo sofista, o aluno seria alguém desprovido do saber, o qual poderia ser alcançado por intermédio do mestre, o único na relação suposto saber. Este modelo de ensino tem sido adotado pela sociedade ao longo dos séculos, e podemos ainda ver sua expressão no modelo clássico escolar nessa concepção, o professor é aquele que possui o conhecimento, o qual é passado para os alunos, que por sua vez assumem a posição de meros receptores e reprodutores do que é transmitido.

A metodologia de ensino à distância exige do aluno um posicionamento ativo em seu processo de aprendizagem, já que não é um mestre centralizador e possuidor de todo saber. Ao contrário, a busca pelo conhecimento é realizada em rede, na qual o aluno é um dos agentes e promotores do próprio saber.

GRUPO: Andréa, Karla Suzana, Tatielly

METODO SOCRÁTICO

“Conhece-te a ti mesmo”

O método socrático tinha como característica levar cada indivíduo a refletir acerca dos seus deveres. Sócrates começava por chamar a atenção de cada um para os seus interesses pessoais ou domésticos, educação dos filhos, problemas da vida da cidade, questões relativas ao saber. Levava em seguida os seus interlocutores quaisquer que eles fossem, a extrair do caso particular o pensamento universal.
Neste modelo o mestre parece nada saber. O conhecimento poderia ser alcançado conjuntamente pelo diálogo, instrumento através do qual Sócrates despertava em seu interlocutor o poder do desenvolvimento do pensamento. Ao contrário dos sofistas, Sócrates não apresentava um saber pronto, mas ao questionar seu aluno, fazia com que este encontrasse em si as respostas, delegando ao aluno um posicionamento ativo na busca do conhecimento.


Em geral, o método dialógico de Sócrates é constituído por dois momentos fundamentais: a ironia e a maiêutica.


Na maiêutica, o indíviduo é induzido por seu próprion raciocínio, ao conhecimento ou à solucão de sua dúvida. Surge então, um novo conhecimento, um aprofundamento que não chega ao conhecimento absoluto. O seu sentido de humor confundia os seus interlocutores, que acabavam por confessar a sua ignorância, da qual Sócrates extraía sabedoria.


Na ironia se confunde o conhecimento sensível e o dogmático. Sócrates costumava iniciar uma conversação fazendo perguntas e obtendo dessa forma opiniões do interlocutor, opiniões que ele aparentemente aceitava. Depois, por meio de um interrogatório hábil, desenvolvia as opiniões originais do tal interlocutor, mostrando a tolice e os absurdos das suas opiniões superficiais, através das consequências contraditórias ou absurdas destas mesmas opiniões e a confessar o seu erro ou a sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória.


Desde modo, a metodologia EAD está, em parte, em consonância com o modo socrático de conceber a educação, uma vez eleger um grupo de alunos, lado a lado partiram na construção de um conhecimento desprovido da presença de um mestre detentor do saber, mas sim um mestre que nos questiona e faz refletir.


Segundo Murta (2010, p.16) “Para Sócrates, a busca pelo saber e pela verdade ensina homens a serem verdadeiramente felizes”.


Grupo: Andrea, Karla Suzana e Tatielly

O ENSINO DE SOCRATES A LACAN”


Enquanto os sofistas construíam um legado de conhecimento baseado na oratória e no poder de sugestão que se encerra na mesma, Sócrates almejava alcançar o saber verdadeiro. Mas o que viria a ser o saber verdadeiro? Para Sócrates, um saber baseado na razão e para o qual não haveria a necessidade de um mestre a transmiti-lo, visto ser esse imanente aos sujeitos. Esse conhecimento inato seria resultante do acúmulo de experiências vivenciadas ao longo das encarnações, portanto, acessado por meio de reminiscências. Em Mênon, diálogo de Platão, Sócrates apresenta o conceito de que não é possível ensinar nada que o outro já não saiba. No decorrer do diálogo, Sócrates busca demonstrar sua teoria com o auxílio de um escravo, portanto, alguém que não havia passado por nenhum tipo de instrução, e que ainda assim poderia demonstrar conhecimentos inatos sobre qualquer área das ciências humanas, já que as mesmas se encontravam adormecidas em sua alma. Ao interrogar o escravo, o mesmo foi conduzido a reconhecer o ponto limite de suas reflexões, ou seja, a reconhecer que não sabia a solução, estando agora pronto para buscar a verdadeira resposta à questão geométrica apresentada. Sócrates acredita que o escravo chega à resposta apenas por via intuitiva, mas esta somente foi possível graças às intervenções de Sócrates quanto este desenha na areia a sucessão das reflexões. Podemos notar que apesar de Sócrates criticar a postura monológica dos sofistas, ao empregar uma postura dialógica, não deixa de ocupar o lugar de mestre na relação, pois faz intervenções que conduzem seu interlocutor a chegar na suposta verdade.

Ao refletir sobre as ponderações socráticas, Lacan propõe outro modo de compreendermos o que viria a ser o saber verdadeiro, ou pelo menos, de onde esse viria e como estaria estruturado. Para Sócrates o saber viria pelo emprego da razão, pelo plano intuitivo, ou seja, a solução dos problemas estaria ligada às próprias percepções e às aparências das situações. Baseando-se no mesmo diálogo de Platão, Lacan busca elucidar a questão da verdade sobre outro prisma, e para tanto, demonstra que a resposta emitida pelo escravo rompe com o plano intuitivo, e se dá pela assunção do plano simbólico. Durante o diálogo, no momento em que o escravo não encontra outro modo de solucionar o problema geométrico, persistindo na impossível tarefa de duplicar a área do quadrado pela duplicação de seu lado, Sócrates oferece um saber que o escravo não detinha, uma demonstração simbólica, irracional, presente na √2 da diagonal do quadrado, que possibilitou a resolução final da questão. Podemos perceber que Sócrates, na verdade, não deixa o escravo saber por si só, mas oferece-lhe um conhecimento, como fazem os mestres. Lacan vem justamente apontar a questão da maestria no modelo de ensino e aprendizagem, se no modelo sofista ela era imperante, apesar de Sócrates criticar e realizá-la de modo dialógico, não deixa de ocupar esse lugar de mestre.

A grande diferença entre Sócrates e Lacan, é que enquanto o primeiro trabalha no plano intuitivo/consciência, o segundo o faz sobre o simbólico/inconsciente. Para Lacan, o verdadeiro saber seria da ordem do inconsciente, que se estrutura através da linguagem, pelo plano simbólico, e sobre esses pilares, propõe uma alternativa ao modelo de ensino e aprendizagem.

Mas antes de adentrarmos especificamente na prosta lacaniana, faz-se necessário compreendermos o modo como ele concebe o sujeito. Como psicanalista, Lacan entende que o lugar do pensamento, para além do plano consciente, situa-se no inconsciente, e seu acesso não se dá pela razão, mas pelo fato de fazer-se analisar. Esta análise é possível uma vez que o inconsciente é estruturado como linguagem, ou seja, através dos significantes enunciados, tem-se acesso ao inconsciente. Entre as articulações de um significante e outro, produz-se o discurso inconsciente do sujeito, e é na medida que algo de irracional aparece no discurso que o analista pode ir além daquilo que lhe é falado, interpretando e provocando mudanças subjetivas no sujeito analisado no decorrer do deslize de significantes. Diz-se desta forma que o sujeito é efeito de significante. E é sobre essa possibilidade de mudança subjetiva que se baseia o ensino de Lacan.

Lacan funda a Escola Francesa de Psicanálise, na qual, o modelo de ensino e aprendizagem, segue a proposta do que ele denomina de Cartel. O funcionamento dessa modalidade subtrai, de vez por todas, a figura do mestre, e elege como base do processo de aprendizagem o desejo do próprio sujeito em aprender.

O Cartel se formaliza em um pequeno grupo de estudo, com 3 a 5 pessoas, ocupando esta quinta o lugar de MAIS UMA, ou seja, aquela que irá velar pelo andamento do grupo e provocá-lo em suas reflexões. São quatro e MAIS UMA comprometidas na produção de um trabalho individual, para o qual a resposta não está em um outro a transmitir o conteúdo, mas que se faz junto com o outro, ou seja, é derivado de uma estrutura coletiva. O grupo original se reúne pelo período máximo de um a dois anos, momento no qual os grupos são permutados, a fim de se evitar o efeito de cola (também chamado de efeito de grupo), ou seja, evitar que os grupos fiquem eternamente na mesma formatação e não vivenciem outras possibilidades de trocas. Interessante notar que ao final de um ano, cada membro do Cartel terá realizado uma produção individual, e esta certamente se diferencia da que viria a ser produzida caso realizada sem a mediação dos outros membros. Isso significa dizer que o trabalho de cada um é conseqüência de um efeito de sujeito, ou seja, de uma produção do inconsciente. Podemos afirmar que se há um mestre presente no Cartel, este seria o inconsciente.

De modo similar, na metodologia EAD, o professor tutor coloca-se no lugar de MAIS UM diante dos grupos de encontros semanais, orientando as produções individuais de modo coletivo. Espera-se que os alunos, munidos de estudos prévios, possam compartilhar com os demais suas reflexões, possibilitando a cada membro novas elaborações. Partindo do pressuposto que nenhum dos membros, tampouco o tutor, sejam detentor do saber absoluto, visto ser este jamais alcançado, todos se vêm lançados em uma busca incessante impulsionada pelo desejo de aprender.

Grupo: Andréa, Karla Suzana e Tatielly

A NOVA EDUCAÇÃO

Temos estudado que o mestre, tradicionalmente, tem ocupado o lugar de único detentor do saber, o qual é transmitido aos alunos. Notamos que enquanto um se posiciona como quem sabe, o outro é aquele que ignora, não havendo a possibilidade de troca de posicionamentos, uma vez que praticamente em toda a vida acadêmica o aluno se depara com essa perspectiva nas salas de aula. Se esses lugares instituídos assim permanecerem, como poderia o aluno ocupar o lugar de quem sabe se este já se encontra designado ao mestre? Em busca de resposta para este e outros questionamentos, o metodologia EAD examina a possibilidade de mudança nestes posicionamentos, a fim de permitir que o aluno ocupe o lugar daquele que sabe. Nesta inversão, cabe também ao mestre repensar e mudar sua postura. O que aconteceria se este passasse a ocupar o lugar da ignorância? Deste modo, vejamos:

Saber Ignorância
No 1º momento (Tradicional), o mestre ocuparia o lugar de saber e o aluno o de ignorância. Já no 2º momento (Metodologia EAD) o aluno ocuparia o lugar de saber e o mestre, o de ignorância.

A inversão de posicionamentos, proposto por Jacques Rancière em sua obra
“O mestre ignorante: Cinco lições sobre a emancipação intelectual”, implica o aluno no próprio processo de aprendizagem, visto esse apenas ser mediado, e não transmitido, pela rede de educação. É esta autonomia que permite o distanciamento do sujeito professor e conduz o aluno na construção de seu conhecimento.

No decorrer dos anos podemos observar que educação teve um grande avanço em sua metodologia de ensino, levando em conta toda a praticidade tecnológica encontrada em facilitar esse trabalho, onde o mestre não estará obrigatoriamente presente como único sabedor e transmissor do conhecimento, deixando bem claro que todo material que é utilizado serve de suporte e de estimulador, incentivando assim, essa técnica de aprendizagem coletiva em rede, onde se discute determinado assunto em grupo, para que as respostas sejam encontradas, assim obtendo a aprendizagem.

Essa metodologia veio como uma grande ferramenta de trabalho para os tempos modernos, permitindo que muitos profissionais pudessem se aperfeiçoar com o ensino a distância, por muita das vezes não terem tempo de está ocupando quatro horas diárias em sala de aula. Assim podendo estar estudando e até mesmo compartilhando seu aprendizado com membros da família ou do trabalho, além da oportunidade de interagir com os demais, juntando a prática e teoria ao mesmo tempo.

Grupo: Andréa, Karla Suzana e Tatielly

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Ciberespaço




Que espaço é esse? O espaço do não mais privado, o espaço público e virtual da informação, informação que agora se apresenta pela impossibilidade de seu total domínio. Se antes tínhamos acesso a determinado número de exemplares de livros em nossas escolas, e conseguíamos ler toda a “Coleção Vaga-Lume”, hoje se torna inviável contermos o todo, pois o que está disponível é da ordem do infinito. Enquanto a Biblioteca Nacional, situado no Rio de Janeiro, recebe diariamente uma média de 150 exemplares de livros, o ciberespaço, com sua mega rede de comunicação, recebe milhares de informações, algo que cresce à cada segundo, mais e mais.

Mas o que fazer diante dessa avalanche de produção? Pierre Lévy (assistir vídeo disponibilizado) vem nos falar da importância em filtrarmos os conteúdos disponíveis, já que não mais podemos abrangê-lo em sua totalidade, e ainda que o pudéssemos, estariam imediatamente ultrapassados, visto ser a novidade um dos motores da produção incessante. Lévy enfatiza a necessidade de atribuirmos um sentido à toda essa gama de informação, e que esse sentido é pessoal. Ele aponta para nossa responsabilidade com nosso próprio conhecimento, que não mais nos é dado pronto, por exemplo, pela escola, mídia, igreja, família, Estado ou amigos. A visão é tão ampla e diversificada que nos é de inteiro encargo a atribuição de um sentido para tudo o que nos cerca.



O espaço formal de educação, representado pelas universidades, também estão tendo que mudar sua metodologia de ensino para se adequarem ao conceito da responsabilização pessoal pela própria aprendizagem. Ela não é mais a detentora mor das informações, tampouco lhe cabe a exclusividade da tarefa de transmiti-las. Seu atual papel tem sido o de gerenciar e estimular os alunos a buscarem e trilharem seus percursos na construção do conhecimento, oferecendo-lhes as inúmeras ferramentas virtuais, como o ensino à distância. A esse respeito, veja o que Lévy (http://caosmose.net/pierrelevy/educaecyber.html) afirma ser necessário: “(...) a adaptação dos dispositivos e do espírito do aprendizado aberto e à distância (AAD) no cotidiano e no ordinário da educação. É verdade que o AAD explora certas técnicas do ensino à distância, inclusive a hipermídia, as redes interativas de comunicação e todas as tecnologias intelectuais da cybercultura. O essencial, porém, reside num novo estilo de pedagogia que favoreça, ao mesmo tempo, os aprendizados personalizados e o aprendizado cooperativo em rede. Nesse quadro, o docente vê-se chamado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos, em vez de um dispensador direto de conhecimentos.”

Quanto à inteligência coletiva, assista ao vídeo no qual Lévy apresenta a importância das redes sociais como espaço de manifestação das capacidades não reconhecidas nos meios tradicionais, e a formação de uma cultura de grupo que se sobrepõe à inteligência idividual:



Para finalizar, gostaríamos de apresentar um pequeno vídeo sobre o alcance da internet na vida cotidiana:



Até a próxima,
Tatielly Bonan

O Bombardeio das Redes Sociais



Toda época de revolução é um período de profundas mudanças de paradigmas, trazendo inúmeros desafios e oportunidades. As transformações do cenário social e de negócios nos últimos anos têm causado uma verdadeira revolução. Quem consegue perceber a transformação e abraçar rapidamente o novo paradigma costuma se tornar um vencedor no novo cenário.

Uma das principais mudanças que temos enfrentado são as mídias sociais. Alavancadas pelas tecnologias e plataformas digitais, as mídias sociais explodiram recentemente e trazem consigo regras próprias.

Com as redes sociais os relacionamentos vão sendo formados virtualmente através de uma estrutura social composta por pessoas, organizações, territórios, etc. - designadas como nós – que estão conectadas por um ou vários tipos de relações (de amizade, familiares, comerciais, sexuais, etc.), ou que partilham crenças, conhecimento ou prestígio. Os sites de redes sociais geralmente funcionam tendo como base os perfis de usuário - uma coleção de fatos sobre o que o usuário gosta, não gosta, seus interesses, escolaridade, profissão ou qualquer outra coisa que ele queira compartilhar.

O objetivo das redes sociais é juntar um grupo de pessoas com quem você esteja interconectado por um ou mais fatores. Tem a característica de serem de livre acesso ao público, sem cobranças por participação. Neste ambiente virtual, os membros têm espaços para interagirem, trocando informações e experiências. Os participantes em geral, têm um perfil semelhante, tanto pessoal quanto profissional, e escolhem participar das redes sociais que reúnem mais pessoas com hábitos e características similares as suas.

Depois que um paradigma se estabelece, torna-se muito confortável continuar resolvendo problemas dentro dele e muito difícil de aceitar ou compreender soluções fora dele. Entretanto, quando um novo cenário se estabelece, por mais resistentes que as pessoas sejam em mudar, já não se consegue mais resolver problemas usando o modelo anterior. Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas enfrentarão as mudanças que as mídias sociais têm trazido e passarão pelos estágios da insegurança até o amadurecimento e consolidação do novo paradigma.

Andrea Nogueira David Bastos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Falas de Freud, em As mulheres de Freud, p. 37.


"Uma mulher inquieta vai ao médico ou às compras".

"As mulheres são as mais capazes".

"Em geral as mulheres aguentam melhor do que os homens".

"Uma mulher não pode ganhar o sustento e criar os filhos ao mesmo tempo. As mulheres como um grupo não lucram com o movimento feminista moderno; no máximo algumas individualmente se beneficiam."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dificuldades de aprendizagem... o que o EU tenho a ver com isto?

(Abordagem psicanalítica)

Este trabalho que apresento são reflexões e hipóteses, observações e realizações no meu contexto profissional. Creio que nenhum estudo surja do acaso, mas sim de algumas das experiências vividas no cotidiano.

Algumas crianças ao entrarem na escola deparam-se com maiores exigências na área cognitiva, e elas começam a apresentar muitas dificuldades na aprendizagem. Muitos destes alunos já estão no processo de ensino-aprendizagem a mais de seis anos e não conseguem consolidar a alfabetização. Sem causa neurológica ou orgânica aparente estes estudantes são alvos de preocupações da família, dos educadores e da sociedade, que estão sempre em buscar de soluções a fim de superar dificuldades escolares, sem ao menos questionar, qual a verdadeira implicação do próprio aluno, nesse processo ensino- aprendizagem.

Começo por relatar um caso que, parece-me oportuno comentar:

Um menino de oito anos de idade, cursando a primeira série do ensino fundamental, apresentava dificuldades de leitura e escrita. Após dois anos mais ou menos de escolarização ele estava despertando o saber, "o saber insabido". Saber este; que de alguma maneira inconsciente, este aluno estava pretendendo evitar.

Este menino morava num bairro de periferia de um município: que por sua vez ficava distante da grande São Paulo, contudo certo dia ele "fugiu" da escola e foi passear em outro município. Houve grande mobilização, a policia foi acionada, enfim...O menino retornou para casa e os pais foram convocados a escola ". Ao ser questionado sobre o motivo de sua fuga. O menino argumentou":

"Agora eu já sei ler o nome do ônibus !".

O pai do garoto ficou impactado, com essa resposta, associou e culpabilizou a aquisição da leitura, neste episódio de fuga, pois antes ele se posicionava passivo, atendendo de algum modo a expectativa da família, pois a mesma agia com pouca afetividade e descrédito, denotando e sustentando a crença que o fato de aprender, representaria algo perigoso e por isto teria que ser rejeitado.

A minha primeira reflexão : - Qual a implicação do Eu de cada individuo, em toda esta dinâmica de aprendizagem? O que cabe ao Eu consciente e inconsciente?

A psicologia explica o Eu como um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações tudo integrado, que faz com que o individuo tem conhecimento de si próprio.

De acordo com a psicanálise o Eu é a maneira como o individuo reage a si próprio, o que a pessoa pensa de si, como se avalia e como tenta valorizar-se ou defender-se.

Para algumas crianças, o indicio de vivenciar uma situação de conflito, as ajuda a aprender algumas coisas que não aprenderiam se não tivessem essa oportunidade. Outras vezes, a aprendizagem se dá diante das variedades de alternativas que o aprendiz tem para escolher com o que e como vai se comprometer. Estes conhecimentos estão incorporados nos seus desejos pessoais.

Diante destas variedades de alternativas a escola se apresenta como articuladora de conhecimentos e utilizam-se teorias para explicar o conhecimento, tamanho é o grau de inquietação dos educadores e familiares.

A vertente, empirista, parte do princípio de que o conhecimento está fora do sujeito e que aprender é pô-lo para dentro através dos sentidos, do ensino e da experiência, é o ambiente que permite o aprendizado, que garante o conhecimento e se constitui no elemento mais importante no processo de aprendizagem.

A vertente epistemológica trata a aprendizagem como um processo de dentro para fora, quase de iluminação.

O construtivismo diz que existe um sujeito que conhece, e que o conhecimento é alguma coisa que se constrói pela ação desse sujeito. E que o ambiente tem papel muito forte nesse processo.

Para a psicanálise, dar importância à significação é uma aprendizagem. Vivemos num mundo de muitos significados, no qual uma palavra pode ser interpretada de muitas maneiras, a ponto de ser possível à distorção da idéia inicial.

Exemplo:- um aluno catorze anos de idade, como baixo desempenho na área da leitura e escrita, comenta com a professora, que sua mãe falou que tão logo ele aprendesse ler, ele iria estudar em outro Estado, (numa faculdade pública) ficaria longe da mãe. Como sintomas este aluno enfrentaria sérias dificuldades, não apenas acadêmicas, mais também na adaptação social, negando-se a aprender, como que o fato de aprender significaria o perigo de mudar de cidade, e não poder contar mais com a presença protetora de sua mãe. Freqüentando uma sala para alunos com diagnostico de deficiência mental. Este aluno continuava na posição de incapaz de saber...recusando a crescer, a desenvolver-se, pois externava atitudes infantilizadas, com variabilidade de humor, emotividade excessiva, perante o grupo, apontando conflitos internos que interferiam na sua aprendizagem.

Conclui-se que há uma equivalência no que o sujeito diz, e no que ele faz, e, a linguagem é o tesouro do significante. Uma criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, está dizendo algo, é importante tomar os signos como sintomas do inconsciente. Há um consenso por parte da grande maioria dos educadores que; nada justificaria os motivos da não aquisição da leitura e escrita das crianças na idade escolar, pois acreditam que este sistema de escolarização é algo essencial para a vida de uma criança, e seria quase que inadmissível e inconcebível, este aluno não se comprometer com o saber escolar, intencionalmente. Estes educadores não consideraram, que, os motivos para não- aprendizagem também são válidos para estes alunos.

Segundo Freud, "somos herdeiros das primeiras relações de nossos pais", a crianças só aprende ler, quando há a castração, quando a lei opera, o declínio da função paterna e a fragilidade do lugar de autoridade se traduzem, simbolizam, no escolar, nos transtornos ligados á aprendizagem.

No inicio da vida a criança, não tem noção de seu próprio corpo, de seu (eu), á medida que ela vai desenvolvendo, vai percebendo e distinguindo, pessoas e objetos que os cercam, deste modo irão sendo produzidas as primeiras imagens, que podem ser ocupados, por pessoas, ocupada na primeira figura do grande Outro primordial; especialmente a mãe que freqüentemente está em contato com ela. O bebê não existiria sem o olhar do cuidador. Quando ele quer alguma coisa ele passa primeiro pelo olhar do Outro.

Exemplo: O bebê grita, a mãe transforma este grito, num apelo é como estivesse dizendo: -Este grito significa que você está me chamado, pois você deve estar com fome. O bebê rapidamente aprende que aquele grito pode ter valor de linguagem, valor de apelo, que produz um efeito de gozo, recíproco. Esse agente materno neste momento, estabelece uma demanda, e o bebê por sua vez participa em relação ao outro. Esta relação não é linear, varia dependendo o grau de proteção desta família. Existe família em que qualquer traço de autonomia da criança considera ameaçador.

Após alguns tempos, a criança vai tomando conhecimento de sua própria existência, e vai começando a estruturar, e os pais vão sempre mostrando de forma consciente ou inconsciente valores e comportamentos, do que é certo ou errado, bom ou mal etc, e essas marcas que são impressas na infância, são organizadas e seguem certas lógicas permitindo que o sujeito vá se estruturando no seu meio familiar, física e psicologicamente, desde o nascimento, até a puberdade, construindo e constituindo sintomas. pois o desenvolvimento moral, não garante a constituição existencial do sujeito

As dificuldades com a aprendizagem podem decorrer de diversas causas, e os sintomas que aparecem, quase sempre, estão ligados ao uso do instrumental simbólico.

Às vezes, não são dificuldades que se localizam dentro de um sujeito, e sim na relação entre ele e o conhecimento ou entre ele e aqueles que ensinam.

Muitas vezes, estas dificuldades interferem de tais formas na vida de uma pessoa que freqüentemente elas são confundidas e rotuladas como crianças deficientes mentais, inábeis, incapacitadas etc. autenticando a cumplicidade por parte da sociedade, neste processo; o aluno escolhe por não aprender, e pais e educadores, optam por não ensinar; instituindo a aprendizagem em círculos viciosos.

Freud descobriu que toda a formação do inconsciente transmite uma mensagem que é dirigida ao grande outro. Há um risco em aprender ou deixar de aprender. O que eles estão fazendo em relação ao que estão dizendo?.. A angustia de crescer, o medo de falhar, muitas vezes não estão ligadas à falta de condições cognitivas para aprender.

O que o Eu tenho a ver com o des envolvimento (Dês envolvimento) no processo de aprendizagem escolar?

Há escolhas a serem feitas, existem, comprometimentos, recusas, opções etc.

Não são questões puramente objetivas. Há uma idéia da linguagem, do significante que passa pela letra do discurso. E que só desequilibrando o sujeito e provocando uma mobilização interna diante das situações novas, fará com que o sujeito se implique e requeiram mudanças de atitudes.

Jacira Maria Moura Pereira Lacerda
Pedagoga, Habilitada em Educação Especial
Estudante de psicanálise no Instituto Tempos Modernos (2003)

Para descontrair...


sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Psicanálise e a Subversão da Filosofia

por Lucas Nápoli

philosQual a razão de ser do conhecimento que se autodenomina filosófico? Isto é, por que a filosofia existe? Certamente essa pergunta não deve ser respondida de qualquer maneira, mas uma visada periférica da história da filosofia (leia-se a história do que homens que se intitularam ou foram chamados de filósofos disseram) mostra que a função da Filosofia geralmente foi vista como sendo a da procura da verdade.

Que essa verdade tenha tido diversos lugares conforme as idéias de cada autor – no ser em Kierkegaard, no mundo externo em Locke, na razão em Descartes – isso é o de menos. Mais importante é pensar que, se a filosofia toma como mote de sua própria existência o problema da verdade, isso significa que o pensamento humano – e aqui me refiro especificamente à tradição ocidental – amiúde considerou que a questão humana por excelência seria “o que é?”. Com efeito, a busca da verdade é a procura daquilo que é, em todo lugar, em todo o tempo, que sempre será e que nunca deixará de ser.

Ora, o que a psicanálise evidencia é que essa pergunta mascara uma outra, muito mais fundamental e que poderia ser formulada, toscamente, nos seguintes termos: “Por que sou?” ou “Por que existo?”.

Tais indagações possuem basicamente duas respostas possíveis: ou pensamos que nossa existência se deve ao puro acaso, pelo arranjo de contingências sem nenhuma finalidade específica ou cogitamos a hipótese de que existimos por alguma razão que invariavelmente não se encontra explícita. Considerando que essa última opção é a adotada por 99,9% dos exemplares do Homo sapiens – por mais que um Darwin insista o contrário – pode-se dizer que a questão da razão de nossa existência carrega em seu bojo uma outra, qual seja, “O que isso quer de mim?”

Sim, pois se não estou aqui por acaso significa que estou aqui por conta de um desejo. Mas se sou um ser que, diferentemente de uma pedra, além de ser, faz, isso significa que esse desejo do qual fui fruto, além da minha existência demanda que eu aja de determinada maneira.

"Minha consciência é inconsciente de si mesma, por isso me obedeço cegamente."
Clarice Lispector
Bom! Boa tarde a todos;

Como tudo na vida é um espetáculo, estamos iniciando mais um, e esperamos que este espetáculo chamado "PENSANDO SOBRE O INCONCIENTE", possa ser um espetáculo inesquecível para aqueles que pensam entreFilosofia e Psicanálise. (Alexon)

Há! Saudade - É um protesto do EU em não aceitar o nada do TÚ. Alexon